Apneia do Sono (Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono)

O que é a Apneia do Sono?

Vulgarmente chamada de Apneia do Sono, a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono define-se como a ocorrência de episódios de obstrução total ou parcial das vias aéreas superiores, durante o sono. Mas o que é isto na realidade? Passemos então a explicar…

Na imagem abaixo podemos observar uma via aérea normal, onde a azul está representada a base da língua e a vermelho as fossas nasais. A tonalidade esbranquiçada representa o ar dentro da via aérea. Assim, durante a noite com a respiração nasal normal não ocorre qualquer tipo de obstrução.


Mas, ao invés disto, numa situação patológica, ocorre a queda da base da língua e de outros tecidos, que colapsa a via aérea, pelo que, como se pode ver na imagem a baixo, não possibilita a passagem de ar, ou seja, ocorre a apneia (ausência de passagem de ar). É comum chamar-se a este tipo de Apneia: Apneia obstrutiva, uma vez que resulta de uma obstrução da via aérea que é perfeitamente normal. Este tipo de situação ocorre maioritariamente quando o indivíduo está a dormir de “barriga para cima”, por facilitar a tal queda da base da língua e de outros tecidos moles.


Nesta situação, existe uma dificuldade respiratória durante o sono que pode levar ao despertar, ou não, sendo que na maioria das vezes a mesma só é percecionada pelo companheiro(a).

Como seria de esperar, existe uma situação “intermédia”. Trata-se do ronco (vulgarmente chamado: ressonar). Nesta situação, como mostra a figura, também ocorre a queda da base da língua, mas o ar ainda consegue passar através da via aérea, que está parcialmente obstruída (mais estreita).

Para uma melhor compreensão deste fenómeno, imagine um balão cheio de ar. Quando pegamos na extremidade e permitimos a súbita saída de ar, o que acontece? Pois bem, houve-se um som semelhante ao ressonar, porque existe uma grande quantidade de ar a “tentar” sair por um orifício pequeno. Para além disto, pode ainda reparar que a zona de saída de ar (zona mais estreita) vibra com a saída do ar, sendo esse fenómeno que se origina o som.
Juntando estas duas informações, é mais fácil de perceber que o ar ao passar por uma via aérea parcialmente obstruída provoca a vibração dos tecidos produzindo assim, o ressonar.


Quais são os fatores de risco?


Quais os sintomas?


Como é feito o diagnóstico?
O exame idealmente realizado para avaliar e detetar a presença de Apneia do Sono é a polissonografia. Trata-se de um exame não invasivo, indolor que requer a colocação de diversos sensores em diferentes partes do corpo. Este exame pode ser realizado em casa, mas preferencialmente deve ser realizado num hospital ou clínica, durante uma noite de sono. Este exame permite registar a quantidade de vezes que o indivíduo deixa de respirar durante a noite, se tem despertares entre outros parâmetros.

Como é realizado o tratamento?

Existem diversas abordagens de tratamento, mas o mais aceite e mais utilizado é o CPAP. Esta sigla inglesa corresponde a Continuous Positive Airway Pressure, não tendo tradução para o português. Como se poderá perceber pelo nome, numa tentativa de tradução, resume-se a um emissor contínuo de pressão positiva para as vias aéreas. O aparelho que deverá estar ligado durante a noite, com o indivíduo a dormir, irá constantemente emitir para a via aérea uma pressão positiva (ar). Aqui é importante não confundir com botijas de oxigénio, pois o aparelho apenas aumenta a pressão do ar que normalmente respira!



Assim, a pressão positiva cria como uma “almofada de ar” em toda a via aérea superior que, na zona da base da língua impede que a mesma “descaia”, impedindo assim o colapso da via aérea. Deste modo, o ar inspirado consegue atravessar livremente a via aérea, chegando assim aos pulmões.
Outra das formas de tratamento é a correção de fatores de risco, nomeadamente deixar de fumar e/ou beber bebidas alcoólicas e perda de peso. Estas podem atenuar ou até mesmo corrigir a patologia. 

Quais os riscos e consequências?

A Apneia do sono tem diversas consequências e a diferentes níveis do organismo.

Talvez seja mais fácil de perceber este facto se se pensar que estes doentes têm um sono não reparador/tranquilo, ou seja, basicamente são doentes que não conseguem “descansar”.

Em primeiro lugar e mais frequentemente surgem alterações como: Hipersonolência diurna (excesso de sono durante o dia) e consequente diminuição da qualidade de vida que perturbam as funções cognitivas e emocionais. Para além destas, a Apneia do Sono pode também provocar alterações cardiovasculares tais como as seguintes: